Psicólogo: Como atender adolescentes violentos?

Antes de mais nada é importante abordarmos o tema da adolescência. Ainda hoje encontramos complexidades nos atendimentos de adolescentes, talvez pela dificuldade ou instabilidade, além da carga pesada que um adolescente carrega por si só, e quando falamos de violência, isso gera um medo ou insegurança no ato de um atendimento.

A adolescência é uma passagem inevitável, ou seja, biologicamente uma fase da puberdade em que é preciso lidar com as mudanças do corpo e uma grande demanda de hormônios.

Em nossa atualidade os jovens são vulneráveis, agitados, estão alegres em um período e no outro estão tristes. Os adolescentes de hoje são uma gama de contradição, vão de ociosos, quietos, carrancudos à apaixonados e admiradores, e mesmo assim podendo ser apáticos e deprimidos.

Para atender adolescentes violentos seria necessário

  • Comunicar-se com ele tentando entender o que está sentindo; 
  • Não faça julgamentos sobre ele, esteja disponível, o adolescente precisa se sentir seguro e sem qualquer preconceito; 
  • Seja o profissional adulto e não tente agir como o adolescente, ele espera que você aponte limites em sua existência do que pode ser real e não fantasioso, acalme-o;
  • Apesar do que ele está sentindo ou dizendo, reforce que você, psicólogo, o leva a sério; 
  • Converse com o adolescente, principalmente na primeira entrevista, informe claramente como funcionarão as sessões, talvez seja preciso colocar um limite inicial de um mês ou dois, deixando claro que depois falarão a respeito para verificar como está se desenrolando as sessões;
  • É importante que o psicólogo peça sempre a opinião do adolescente, não faça nada que ele não saiba, assim não quebra o vínculo de confiança criado;

Qual a proposta do atendimento?

A proposta de cada sessão será criar uma “cumplicidade” com o adolescente, ou seja, uma relação de confiança em que possa trabalhar a cada sessão o seu sofrimento. Ajudá-lo a compreender os conflitos e as instabilidades.

As conversas durante as sessões devem mostrar aos adolescentes que existe uma outra forma de se relacionar, aprender a se escutar e ouvir, deve-se mostrar a ele que ao se tratar melhor, sem tanta violência ele se sentirá bem.

O sofrimento do adolescente é grande e o psicólogo busca aliviar essa dor, além de fazer com que o mesmo fale e relate o que está sentindo, assim, seu sofrimento será tratado através do diálogo que é instituído entre o psicólogo e o adolescente.

Relato também a importância da violência ser contida e paralisada, mas para isso é preciso que o adolescente busque em si mesmo meios e apoio do psicólogo que agirá como adulto, quando o adolescente bater de frente com suas questões este não deve fraquejar, e sim resistir à destrutividade do adolescente para que sirva de referência.

Deste modo, se houver uma ausência de referência adulta, o adolescente não conseguirá orientar-se em sua violência interna e, consequentemente, não continuará a sua busca de sentido para tudo, principalmente de sua identidade.

Concluo que a violência do adolescente passará por esta referência adulta, que será tomado pela consciência do mesmo, no qual o profissional psicólogo o ajudará a ter consciência, orientação, direcionamento ao encontro de sua própria identidade.


“Ainda hoje encontramos complexidades nos atendimentos de adolescentes, talvez pela dificuldade ou instabilidade, além da carga pesada que um adolescente carrega por si só, e quando falamos de violência, isso gera um medo ou insegurança no ato de um atendimento..”

— Priscila Ferreira/Psicóloga Clínica